coragem.

Coragem é poesia miúda. Mora na distância entre um medo e outro. Vem e vai embora, parece que nunca fica. Perambular é seu ofício de palavra ligeira. Coragem podia ter nome de saudade, daquele tipo de gente que visita e você não quer que vá embora. Coragem podia ser abraço ou presente embrulhado – que a gente dá pra quem se gosta. Eu gosto da coragem porque não é propriedade privada de ninguém. Coragem é o sobrenome da minha classe, a mesma de Maria de 6 anos que fica sozinha em casa pra mãe trabalhar. Pensei muito na coragem esses dias, e fiquei comigo. Ontem, antes de dormir, minha vó falou sobre essa palavra. Sua intimidade com a coragem é vista nas feridas da pele de agricultora nortista. Por que às vezes a coragem falta? Um dia pedi muito pra coragem vir, esperei, esperei até me dar conta que ela tava sempre ali: por dentro, esperando a gente.



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